terça-feira, 23 de outubro de 2012

Encontro Internacional Lagoas da Serra da Estrela

Pescar nos lagos da Serra da Estrela era para mim,de certa forma novidade,sobretudo quando não se sabe muito bem as condições atmosféricas que se vai encontrar na alta montanha,mas também um dilema sobre o material a usar.

De facto as previsões de bom tempo acabaram por se confirmar,com um dia outonal,temperaturas agradáveis e com algumas nuvens,por vezes a  encobrirem o Sol.
Alguma neve na Torre e nas imediações mas sem aquele vento,esse mesmo que todos nos lembramos quando visitamos os píncaros da Serra da Estrela,que nos corta as orelhas e nos põe a ponta do nariz vermelha.

Cheguei já tarde,por volta das 11h e já os participantes pescavam a muito tempo.
Não perdi tempo e montei uma cana de 10 pés com linha #5.

Havia alguma  actividade à superfície,pelo que se impunha experimentar uma seca,mesmo sem tão pouco saber com que os restantes participantes estavam a utilizar.
Optei por um tricóptero grande #12 de cor clara.Não tardou a surgir o primeiro e violento ataque,sem que tivesse cravado,estava assim lançada a jornada de pesca.
Entretanto o Ruizinho(meu companheiro de viagem) faz a primeira e linda truta na casa dos trinta,justamente com um tricóptero igual ao meu que por sinal tinha sido eu a oferecê-lo.


Assim pescamos cerca de 2h até ao almoço sem mais nenhum resultado prático,apenas a minha falta de experiência nos strimers,onde 2 trutas entram e os levaram,muito por azilhiçe minha e não  do 0.14.

Depois do excelente almoço servido na casa do club da appse foi conduzido à sede da associação pela direcção  para a conhecer e ver a estrutura do centro de interpretação da truta da Serra da Estrela onde a direcção me recebeu muito bem e me explicaram todo o funcionamento.

                             
De parte da tarde,já os colegas pescavam à muito,mudei de estratégia e decidi montar um tanden composto por  um tricóptero e uma pequena ninfa.

Para mim foi a receita certa,com as trutas a entrarem bem,quer na seca quer na ninfa.
Das várias capturas(mais de 10) fica o realce desta arco-íris  que entrou na ninfa e deu uma enorme luta ao ponto do Ricardo ter que ir meter o camaroeiro dele para a tirar da água.




Ironia!não tardou muito a ser eu a ajuda-lo com o meu camaroeiro para sacar esta bonita Fário,que subiu e atacou um pequeno tricóptero(#18) montado em parachut....era provavelmente o troféu do dia(não tenho ainda dados das capturas) sinal de que a teoria de que as trutas grandes não comem moscas pequenas não se ajusta à realidade em determinadas condições.Isto já o meu amigo Philip Maher 
me dizia e comprovava com trutas acima dos 60cm pescadas e embalsamadas à seca nos Rios da Irlanda.

No final do dia estava reservado um dos pontos altos deste evento-uma divinal sopa a que eu chamaria "sopa do pastor" onde os produtos autóctones se sobressaiam sendo o seu principal segredo,muito bem cozida e com tempero no ponto certo,mas uma sopa assim só tem o devido valor se estiver bem quente- e estava!seguindo o prato principal, uma espécie de bacalhau à Gomes de Sá,mas que a receita nada tem a ver com esta iguaria,chamando-se Bacalhau à M. Assis.Divinal!
Esta é  uma daquelas receitas ancestrais,que eu tenho vindo  sistematicamente  a alertar para o seu esquecimento em detrimento de uma gastronomia gourmet ou mesmo de fast-food....como profissional e amante da nossa cozinha tradicional e ao mesmo tempo ancestral,fico muito satisfeito em encontrar pratos assim....
Ir à Serra da Estrela e não trazer um bom queijo seria fazer uma visita incompleta por isso o proprietário do Restaurante Varanda da Estrela fez questão de escolher 2 bons queijos para eu degustar com os amigos-um grande abraço para ele!muito obrigado!
 
 Fotografias©João Dias