domingo, 20 de junho de 2010

Serra Amarela,Ribeira da Ermida.

Quinta-Feira 17 de Junho,decido já pelo caminho visitar um dos rios mais fascinantes que conheço e me transporta às memorias de à 25 anos a traz,quando o conheci ainda adolescente.

Guardo ainda hoje na memória o tão difícil era chegar ao lugar da Ermida à 25 anos  a traz.Não havia estradas asfaltadas e a maior parte dos trajectos entre Lourido e a Ermida eram feitos a pé ou a cavalo através  trilhos  que rasgavam e serpenteavam  a Serra agreste,hoje quase todos desactivados.
A Ermida fica isolada,encravada já em plena Serra Amarela,o seu povo vive da pastorícia,em especial do gado caprino,sendo os cabritos o sua  principal  fonte de rendimento,o mel da Ermida é também um produto de alta qualidade.Esta povoação ainda vive em regime de  comunidade,onde todos ajudam todos e só assim conseguem ultrapassar as dificuldades do isolamento.É gente afável e simples mas com uma cultura etnográfica muito própria,mantendo usos e costumes ancestrais,como os cantares brejeiros,mais conhecidos por cantigas ao desafio e danças muito peculiares,só encontradas nestes lugares da Serra Amarela,as suas "canas verdes e viras"são do mais original que se pode encontrar no folclore do Alto Minho.  


Quem chega pala primeira vez a um lugar como este recua á década de 60 do século passado,nas suas estreitas ruas o cheiro ao bravo dos cabritos é insuportável,as casas mantém o traço simples de outrora quase todas construídas de granito tosco,apareçam algumas construções recentes com arquitectura moderna fruto do investimento de emigrantes.
Foi lá nessa altura que conheci um dos mais típicos artistas das desgarradas e tocador de concertina,cego mas com um sentido de humor apurado para cantigas ao desafio e um talento para tocar concertinas fora do vulgar,o meu amigo Carvalhal.

 ©Vídeo devidamente autorizado pelo autor


Relativamente ao Ribeiro que atravessa esta povoação é um dos que compõe o Rio Froufe,juntamente com o Caçarelha.Nasçe em plena Serra Amarela e serpenteia por um vale íngreme cheio de precipícios,gargantas e fragas,muito difiçil de percorrer,só com o conhecimento de largos anos se consegue chegar aos lugares que eu tive o privilegio de fotografar,este era um dos lugares que prometera fotografar este ano para publicar,faltam ainda mais 3 lugares idênticos em rios diferentes.



Não tem muitas trutas por ser um rio de alta montanha e muito agreste com correntes demasiado violentas em pleno inverno,arrastando tudo o que encontra pela frente,mas lá vai tendo uma população razoável e algumas de bom tamanho.Este foi também um ribeiro que á uns anos traz sofreu um dos maiores crimes que  pode acontecer a um fragil ecossistema como este,o envenenamento de toda a sua bacia propositadamente por mão humana.Alguém subiu muito perto da nascente e envenenou as águas com o intuito de capturar todas as trutas  ao longo dos seus mais de 8 quilómetros.O que é facto as trutas morreram todas e passados mais de uma década  o rio ainda não recuperou totalmente,aliás as gentes da Ermida ainda hoje falam com mágoa disto.Nunca se conseguiu saber a identidade do criminoso.



© Algumas imagens e trutas deste maravilhoso paraíso....