domingo, 9 de outubro de 2011

O que se pretendia ser uma visita de estudo quase chegou a ser uma visita aos Carris.



O que se pretendia ser uma visita de estudo quase chegou a ser uma visita aos Carris!


Há muito que vinha a agendar uma visita mais cuidada ao património truteiro  do alto Homem.Para tal teria que a fazer em determinadas condições,tais como os caudais baixos e no maior silêncio possível para poder aferir, mesmo que só visualmente dos recursos deste mítico  troço de rio.

Havia-o pescado várias vezes nas décadas de 80  e  nessa altura tivera quase sempre boas pescarias.Passados estes anos todos e depois de algumas incursões em caminhadas pela sua bacia,tinha ficado com a sensação de um muito baixo índice de trutas. 
Bem sei que estamos em estremas condições de baixos caudais e as trutas à mínima turbulência recorrem aos seus esconderijos dificultando o seu avistamento,bem sei também que esta opinião não serve de referência para uma seria  mostra como estudo daquilo que afirmo,é apenas baseado em dados empíricos.

Os poucos avistamentos de trutas situavam-se em zonas de pequenos poços,ainda com alguma profundidade, mas eram todas muito pequenas(10/15 Cm) claro está que não se esperaria trutas com grande tamanho em rios de alta montanha mas como diz o ditado onde há alevins há peixe que os geram e esses,em mais de 5 quilómetros percorridos,não foram avistados.
Não é meu objectivo fazer qualquer tipo de afronta a quem quer que seja mas fico com a nítida sensação de que se exigia muito mais população de trutas nesta área inserida na mais alta protecção ambiental.Causas?
Consta-se que este troço serve de cobaia e viveiro natural por parte das identidades oficiais para fazer repovoamentos de trutas geneticamente puras e posteriormente distribuídas por outros rios.Tese que faz todo o sentido e à qual,a ser verdade(minguem assume tal facto)eu estou em pleno acordo.Só assim se justifica a falta de indivíduos adultos,provavelmente retirados a través de pesca eléctrica,já com idade e  maturidade de reprodução.

Por outro lado,tenho sérias duvidas que muitas trutas não sejam capturadas mesmo à mão, evidenciados pelos dados factuais como montra esta fotografia tirada ontem.Não ponho de parte a forte pressão de banhistas e turistas que constantemente estão a violar os espaços e consequente destruição das posturas das trutas,isto nas zonas periféricas da ponte de São Miguel,mas em zonas mais profundas do vale não há justificação da ausência de trutas adultas por via desta pressão.

 
Não defendo a pratica da pesca em todas as suas formas neste troço,mas defendo que este poderia servir para estudos e como centro de sensibilização educacional ambiental mesmo com visita de escolas.Ao contrario do resto dos rios que atravessam o Parque onde mantenho a minha opinião de que se deveriam manter abertos,mas sobre fortes medidas de protecção entre as quais;apenas 2 dias por semana;pesca exclusivamente controlada composta de troços com morte muito reduzida,apenas 2 ou 4 exemplares;trocos de reserva para depois revezar,mas sobretudo trocos  sem morte;um defeso adequado ao perfil de cada rio em questão(ex. todos os pescadores reconhecem que os rios de alta montanha não tem as potencialidades dos rios de planície e é necessário reduzir os períodos de pesca)e um controle efectivo por parte das várias entidades que fiscalizam o Parque.
Uma das coisas que me revolta é o facto da pesca estar proibida ,mesmo em zonas de protecção tipo I e II e os coutos de caça proliferam paredes meias com zonas de protecção total(ex.alto da Pedrada,sobranceiro ao Ramiscal)com consequências nefastas  para o meio ambiente(ex,montes de invólucros  espalhados pela serra  aleatoriamente, feitos em material sintético e metálico onde  a natureza levará décadas a decompor). Claro está que por aqui se prova que  dentro do ICB-IP há um peso e duas medidas quando beneficia os caçadores e prejudica os pescadores,mesmo aqueles que praticam um tipo de pesca inserida no mais alto grau de protecção(ex.uma das regras principais de quem pratica pesca sem morte é o máximo respeito pelo meio ambiente envolvente)mas não só estes,também todos aqueles que pescam com morte e respeitam as regras.

Para os menos atentos,o que está em causa é o POPNPG ,no seu artigo 31º,onde dá uma machadada final aos pescadores de trutas e no desporto que tanto amam-  quando no seu nº2 e 3 refere;
"2 - Na área de intervenção do POPNPG a pesca só pode ser exercida em zonas de pesca reservada e em concessões de pesca desportiva."
Quanto ao nº2 não restavam duvidas-todas as massas de águas que não estivessem sobre o regime de concessão estavam proibidas,já em relação ao nº3 tive algumas duvidas na sua interpretação quando refere"pode manter-se até ao final da concessão"mas desde logo percebi que a intenção do ICNB-IP seria fechar de vez os rios findo o período da concessão.Tirei as duvidas numa conversa mantida com responsáveis na matéria do ICNB,e é um facto adequerido que   à medida que vão terminando as licenças,estas não serão renovadas,fechado-se assim todos os rios e albufeiras dentro do Parque.
Quais os argumentos do ICNB para tomar esta atitude?
-Preservação!(?)
Preservação uma ova.
E então como permitiram a introdução espécies não autóctones como o Lucio,Lucio-perca e o achigã em zonas bem no coração do Parque como Paradela do Rio?

Coisa incompreensível,quando estamos a falar de grandes rios e barragens com enorme potencial  em recursos truteiros como o grande Lima ou o grande Cávado,barragem de Paradela do Rio,Salamonde,Caniçada,Lindoso,Vilarinho da Furna,enfim para já não referir um série de rios com alguma dimensão.
Esta é a verdadeira razão pela qual está a decorrer a sondagem neste blog,no seu canto superior direito,que posteriormente servirá como referencia de opinião e será enviado ao ICNB.

Algumas fotografias do Alto Homem....

























Fotografias©João Dias